terça-feira, 27 de novembro de 2018

AS FRANJAS DA BAIXADA: CAXIAS, SARACURUNA E GUAPIMIRIM

   Neste domingo, dia 25 de novembro, um dia como qualquer outro, exceto por ser domingo e por isso convidativo a um passeio, chamei meu tio Zico para irmos até Niterói mais uma vez, visitar meu outro tio Baixinho, aquele de outras saídas à bordo do rebocador Sabiá, embarcação da Subsea7, grande empresa multinacional de offshore que presta serviço para a Petrobrás.
   Qual não foi nossa surpresa ao chegarmos lá na Ilha da Conceição e nos depararmos com um portão enorme vigiado por um guarda. Esse veio nos atender e foi gentil em mandar chamar meu tio Baixinho que estava a bordo, mas não recebia a chamada do telefone celular dentro da embarcação, pois ali o sinal era muito fraco. O jeito foi pedir ao  guarda que o chamasse para nós. esse guarda até que fpi gentil o bastante para nos oferecer um cafezinho enquanto nós esperávamos meu tio aparecer do lado de fora do rebocador. Pouco depois veio meu tio todo metido em um macacão de trabalho e nos recebeu ali, sem qua o portão fosse aberto. Ordens são ordens: o portão não pode ser aberto para ninguém de fora. O jeito foi conversar ali mesmo, meu tio ali de dentro e nós cá fora.

   Depois de uma meia hora de conversa, regada a lembranças dos tempos de criança, juventude e associações com os parentes distantes que integram o clã Abreu Silva, partimos eu e Zico logo depois de dar tchau ao Baixinho rumo à feira de Caxias. Isso sim já era um programa melhor co o que empatar o domingo. Zico se animou e até pensou em almoçar ali mesmo pela feira. Quem sabe encarar um prato nordestino, uma carne seca com jerimum, um galinha à gabidela ou coisas assim. O fato é que logo depois, uma meia hora depois já estávamos ali no meio do povo andando pela feira de Caxias. O sol nem tão forte já incomodava a mim e a meu tio Zico. Eu ainda lembrei de levar um chapeú, mas ele nem nisso pensou, pois sempre anda de boné. Não sei o que deu nele que dessa vez foi de cabeça de fora. E de camisa de manga. Eu até estranhei.

   Zico não é muito de sair de casa. Até onde eu sei, quando ele morava conosco décadas atrás, eu é que saí com ele, ainda garoto. ele garotão. Depois que casou e teve filhos, resolveu virar marmota. As poucas vezes que eu sei que ele saiu  foi comigo. e sempre pra esses roteiros de família que incluem o Baixinho.Uma ou outra vez incluiu a esposa Lurdes.  Pois bem, caminhamos ali no meio do povo, observando a movimentação de pessoas comprando. Observando o que estava sendo vendido.







    Feira é isso: muita gente pra lá e pra cá. Comida pra todo lá, verduras, frutas, legumes, roupas, breguetes, etc. Isso deu sede. Logo paramos para tomar uma cerveja e relaxar a cuca. colocamos a conversa em dia. Então eu sugeri um passeio de trem partindo de Saracuruna até Guapimirim, que Zico nem sabia pra que lado ficava, pois ele nunca nem tinha ido ali. Ele topou. Foi o bastante para irmos logo lá para esse lugar de nome esquisito e longo. Dali partia o trem puxado a locomotiva diesel. Um show de aventuras. Deixo aqui algumas fotos para construir a narrativa, a descrição e até uma apreciação. Bom passeio!!! Piuííí!!!















terça-feira, 4 de abril de 2017

CHURRASCO À BORDO

 

























Não que seja algo muito incomum, mas geralmente churrasco dá a ideia de ser em lugar aberto, num quintal  de uma casa qualquer na periferia da cidade, longe do centro onde se trabalha de segunda a sexta-feira. Pois nesse dia, um domingão ensolarado, fui com meu tio Zico, visitar meu outro tio, Baixinho, que vive praticamente à bordo de um rebocador que presta serviço para a Petrobrás na Bacia de Campos.
   O lado insólito dessa aventura de domingo foi que, para começar, tivemos que driblar a vigilância da portaria para podermos entrar no Estaleiro Mauá, em Niterói, onde o rebocador estava repousando num dique de reparos. Estava ali já fazia umas 3 semanas, recebendo todo tipo de conserto depois de ficar meses flutuando em mar aberto, ao relento salgado dos elementos do Oceano. Ferrugem pra lá, motor quebrado pra cá.
   Logo na passagem pelos guardas da portaria, acompanhados de nosso tio Baixinho, eu e meu tio Zico tínhamos que dizer ao guarda a simples palavra "Sabiá", para que ele soubesse que éramos "tripulantes" do rebocador que ali se encontrava. E assim fizemos. Eu até achava que o guarda nos olharia desconfiados, mas como todos nós temos a aparência de operários endurecidos pelo tempo, nada de estranho para o guarda. --Tudo bem, disse ele.
   Caminhamos cerca de 200 m, ao longo de uma rocha que havia sido aberta para ampliação do estaleiro ao longo de décadas de existência. O Barão de Mauá na verdade não imaginaria que seu estaleiro original sobreviveria ao passar do século XX. Continua sobrevivendo, tentando se manter à custa da economia sorrateira desse País sofredor. Notei enormes galpões em desuso, pilhas gigantescas de pedaços de navios espalhados por todo o espaço do estaleiro e alguns pequenos  navios abandonados no cais ali perto. Me veio à cabeça o estado em que se encontra a conjuntura econômica do Brasil. Coisas abandonadas são sinônimos de investimentos que não foram à frente. Assim tem sido em nosso País.
   Chegamos no rebocador. Parecia um doente deitado num leito de hospital. Todo atravessado por cabos e mangueira que lhe perfuravam o corpo, levando-lhe energia e proporcionando meios de restaurar-lhe a vida dentro de algum tempo. O silêncio ao redor me fazia lembrar que era domingo e uma multidão de operários esperava a segunda-feira para retornarem aos seus postos de trabalho. Seriam como formigas sobre o açúcar. Subimos um lance de escada  que nos dava acesso ao convés. Ao atravessar essa passarela, olhei para baixo e vi que eu estava a uns 20 m da altura. Uma queda ali seria fatal.
   A grande rocha que havia sido detonado ao longo do tempo abriu espaço para a construção do estaleiro e mais acima da encosta pude notar a extremidade da casa que foi do Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza. Ali ele construiu seu refúgio e dali tinha uma visão privilegiada do estaleiro que levava seu nome. Pena que os barões do Império que viviam às custas da riqueza obtida pela produção de café e outros produtos agrícolas da época não apenas sabotaram os ideais industrialistas do barão empreendedor do século XIX com também colaboraram para a destruição do próprio estaleiro, que por pouco não veio a deixar de existir. Aquele casarão era a testemunha do engenho progressista de Mauá, que acompanhava os avanços da Revolução Industrial na Inglaterra e para cá trouxe os ares da tecnologia.
   Meu tio Baixinho à frente, foi nos conduzindo por corredores estreitos que perfazem o ambiente de uma embarcação. Me fez lembrar novamente dos navios em que meu pai trabalhava. Sobe escada, desce escada. Primeira parada foi a cozinha e constatamos que ali não havia ninguém. Seguimos mais à frente e nos deparamos com uma turma em volta de uma churrasqueira. Eram os companheiros de bordo de meu tio. Houve uma saudação repentina de todos quanto nos viram: --Fala aí, Lourinho!!.
Notei que a fumaça da carne ardendo na brasa já subia a ponto de incomodar um pouco a turma ali. Mas a satisfação era tal que todos se compraziam por estarem ao redor da churrasqueira, esperando a primeira rodada de carne que sairia dentro de alguns minutos.  O cheiro era convidativo. Destacava-se o churrasqueiro, que cuidadosamente, mexia as carnes sobre a grelha como se fosse o cirurgião-mestre numa mesa de operação. Era o momento inicial do ritual gastronômico que envolvia uma série de debates que abrangiam todos os assuntos corriqueiros da vida.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

PELAS RUAS ANTIGAS DE RECIFE





Caminhando pelas ruas da cidade velha do Recife, pude perceber quantas igrejas barrocas há pela velha capital pernambucana. São muitas, e cada uma mais rica artisticamente que a outra. Nesta foto, a fachada da Igreja de N. Sra. da Conceição dos Militares, em que logo na entrada, no forro, vê-se a famosa pintura da Primeira Batalha dos Guararapes, mandada executar pelo governador José Cesar de Menezes em 1781.Os detalhes artísticos do forro da igreja são em estilo rococó, verdadeira obra de arte.A rua em que esta igreja está localizada é de muito movimento comercial, como se pode ver pela foto acima, com várias lojas de rede que se espalham pela cidade toda e até em outras capitais.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

VOLTANDO PARA CASA


Eram cinco e meia da da tarde quando Severino voltava da obra no bairro de Boa Viagem rumo à estação Shopping, próxima ao Aeroporto Internacional dos Guararapes, após um longo dia de trabalho na construção de mais um arranha-céu no litoral sul da cidade. Carregava consigo uma bolsa pesada com colher de pedreiro, esquadro, plumo e espátula mais a marmita vazia enrolada num pano de prato que sua mulher usou para manter a comida quente até a hora da boia.
-Um bilhete integração, por favor!, disse ele para a vendedora na cabine onde se comprava os bilhete.
-Fazia uns dez anos que Severino já não andava mais de ônibus por aquelas bandas do Recife, desde que os trilhos daquela ferrovia passaram a receber os trens metropolitanos que fazem a ligação entre o centro da cidade e o terminal Cajueiro Seco.
A viagem transcorreu normalmente entre a estação Shopping e Joana Bezerra, onde a maioria dos passageiros que seguiam naquele itinerário faziam a baldeação para a linha de Jaboatão ou Camaragibe. Até que Severino ouviu um aviso no alto-falante: -Atenção! Por motivos técnicos, este trem apresentou problemas e não seguirá viagem nos próximos quinze minutos. Solicitamos  aos passageiros que desembarquem e aguardem uma próxima composição que dará entrada na plataforma B ao lado.
Severino se levantou do assento onde estava e perguntou a uma passageira que estava perto dele:
-A senhora sabe se por aqui passa ônibus para Camaragibe?
-Ih, moço, não sei não. Acho que por aqui só passa ônibus para Cajueiro Seco, Piedade, etc. O senhor vai ter que ir mesmo até o centro e pegar um no terminal.
-Mas daqui até lá é um bom pedaço pra ir andando. E eu nem conheço o caminho direito.
-Olha, o senhor pode seguir reto por aquela rua ali e em dez minutos o senhor estará no centro, perto do terminal.
Severino achou aquilo um ultraje. Afinal era trabalhador e esperava que o transporte público da cidade lhe fosse muitíssimo útil, mas viu que certos imprevistos acontecem O fato é que não estava a fim de esperar tanto. Pôs-se a caminhar rumo ao centro a fim de tentar pegar um transporte para casa.
Uns quinze minutos de caminhada, finalmente chegou ao que parecia ser o terminal de ônibus de Recife, abarrotado de gente que esperava uma composição q ue aparentemente, não vinha fazia uns 10 minutos, devido à pane ocorrida na linha compartilhada pelos trens de Camaragibe e Cajueiro Seco. E agora? Onde achar o ônibus que o levaria para casa? Afinal, se acostumou a andar de metrô a tanto tempo que nem lembrava mais da dificuldade de ter que esperar ônibus no ponto, sequer procurar onde era um ponto para embarcar. E pior, nem sabia mais quanto custava a passagem. supunha que deveria ser quase o mesmo preço do ônibus: uns R$ 4,00. A essa altura, a bolsa de ferramentas de pedreiro lhe pesava uma tonelada. Nossa, como a sua casa ainda parecia tão distante!
-Raspa-raspa R$ 1,00!! Chip da Tim R$ 5,00, chip da Claro R$ 10,00, vai com bônus!, ouvia os camelôs gritando na rua, em busca de gente para comprar cartões de recarga para telefones celulares. Lembrou-se de ligar para sua mulher Elvira, para dizer que demoraria mais um pouco para chegar em csa por causa do problema na linha do metrô.
-Me dá um chip de R$ 5,00, da Claro.
Aproveitou para fazer a recarga, pois seu celular tinha ficado sem créditos. Nada melhor que poder a visar em casa, para que ninguém ficasse preocupado  com ele, demorando mais um pouco para chegar. Afinal, a periferia onde mora era perigosa, com uns rapazes meio estranhos rondando pelas esquinas à espreita de descuidados para roubar ou assaltar.
Severino se apressou em seguir rumo ao ponto onde havia uma placa dizendo: Camaragibe. Era ali o local onde pegaria seu ônibus para casa. Mas logo ficou sisudo ao saber que o ônibus seguiria por uma avenida alternativa devido a obras que a Prefeitura estava realizando naquele horário para melhorar a vida doas pessoas. Severino não se conteve:
-Mas que droga de vida! O pobre não tem sorte mesmo. Tudo que quero é chegar em casa, mas parece que vou acabar dormindo pela cidade, de tanta dificuldade de retornar. Meu Deus! Quer saber de uma coisa? Eu vou é de metrô mesmo, que já deve ter voltado ao normal e eu só pago R$ 4,25 e vai muito mais rápido. Sem pensar duas vezes, virou-se rumo ao portão da estação terminal da cidade e comprou um bilhete, vendo de longe que os trens haviam voltado a circular de novo, com centenas de pessoas saltando na plataforma de baldeação da capital. Botou sua bolsa de ferramentas nas costas e foi se arrastando para a roleta com o bilhete na mão, para encarar mais uma noite em casa, antes de voltar ao batente na manhã seguinte à seis, na obra do condomínio de luxo de Boa Viagem, que em três meses deveria estar estalando de novo.


NAS TERRAS GUARARAPES













FUI A RECIFE E APROVEITEI PARA CONHECER JOÃO PESSOA E SUAS BELEZAS NATURAIS. NOS DIAS EM QUE CAMINHEI PELAS RUAS DO RECIFE, OBSERVEI A ARTE BARROCA DAS IGREJAS E OS CASARÕES ANTIGOS DA CIDADE QUE FOI INFLUENCIADA PELOS HOLANDESES QUE A INVADIRAM NO COMEÇO DA HISTÓRIA DO PAÍS.